A escassez de mão de obra nas zonas rurais tem sido uma questão amplamente debatida, especialmente no contexto da agricultura familiar. Em um podcast recente, Jeandro Ribeiro, presidente da CAR Bahia, discutiu o tema com Dai, prefeita de Gandu, e Fernanda Santana, representante da Cooperativa Coopatan, localizada em Presidente Tancredo Neves (PTN).
Segundo os participantes, a falta de trabalhadores não se deve apenas às dificuldades do setor, mas também à crescente autonomia dos pequenos produtores, que estão priorizando o trabalho em suas próprias propriedades. Muitos filhos de agricultores, em vez de buscar emprego em fazendas de terceiros, estão investindo no aprimoramento de suas terras. Com isso, a mão de obra que antes era ofertada para o mercado passou a ser utilizada dentro das famílias, promovendo um novo modelo de sustentação econômica.
Outro ponto abordado foi a prosperidade dessas propriedades rurais. Muitos agricultores têm recusado ofertas de emprego porque suas próprias terras estão gerando renda suficiente para manter suas famílias. Isso desmistifica a ideia de que as pessoas dependem exclusivamente de programas sociais. Dados mostram que, entre os 68 mil estabelecimentos rurais que cultivam cacau, 53 mil pertencem à agricultura familiar. Isso reforça a ideia de que a produção voltada para o próprio sustento tem se fortalecido, mudando a dinâmica do trabalho no campo.