As bananas estão sob ameaça de extinção devido à disseminação de uma praga devastadora, a Fusariose Raça Tropical 4 (TR4), conhecida como mal-do-Panamá. A situação foi revelada por um estudo da Universidade de Wageningen, na Holanda, que aponta que cerca de 80% da produção global de bananas já está sob risco.
A murcha de fusarium é causada por um fungo que surgiu na década de 90 em Taiwan, mas, desde então, sua propagação não cessou. Era restrita ao sudeste asiático e à Austrália, a TR4 chegou ao Oriente Médio, África e, mais recentemente, à América Latina. A confirmação da presença do fungo na Colômbia, feita pelo laboratório da universidade holandesa, acendeu um alerta mundial sobre uma possível epidemia de proporções catastróficas.
O avanço da praga é favorecido pela predominância da monocultura da banana Cavendish, variedade que domina o mercado global. Por serem geneticamente idênticas, essas plantas são altamente vulneráveis à TR4. Embora a monocultura ofereça vantagens econômicas, ela também deixa as plantações expostas a epidemias capazes de devastar plantações inteiras.
Segundo Fernando García-Bastidas, fitopatologista colombiano que liderou as análises laboratoriais, combater a TR4 é extremamente difícil: “Nenhuma medida de controle biológico e nenhum fungicida conhecido se mostraram eficazes contra a TR4. As autoridades e produtores estão fazendo um bom trabalho de contenção, mas a erradicação é praticamente impossível”.
Nos países da América Latina, Caribe, África e Ásia, onde milhões de pessoas dependem das bananas para sua segurança alimentar, a ameaça é ainda mais grave. Além das Cavendish, variedades locais, como a banana-da-terra, também correm risco, ampliando a dimensão da crise.
Pesquisadores e produtores estão engajados em uma corrida contra o tempo. O desenvolvimento de variedades geneticamente resistentes à TR4, novas práticas agrícolas e medidas de contenção são algumas das estratégias em curso. No entanto, os especialistas alertam que o desafio é complexo e o tempo, escasso.