O ano de 2023 registrou um aumento significativo no número de pedidos de recuperação judicial no Brasil, com 1.405 empresas buscando essa medida para evitar a falência, conforme dados da Serasa. Esse índice representa o maior já registrado desde 2020 e marca um aumento de 68,7% em comparação com o ano anterior, quando 833 empresas ingressaram com solicitações semelhantes. Além disso, houve um aumento de 13,5% nos pedidos de falência, totalizando 983 solicitações.
As micro e pequenas empresas lideraram o ranking dos portes que mais demandaram recuperação judicial, representando um aumento de 77% em relação ao ano anterior, com 939 empresas buscando essa medida. Em termos de setores, os segmentos de serviço e comércio foram os que mais solicitaram recuperação, com 651 e 379 pedidos, respectivamente.
O pedido de recuperação judicial é uma ferramenta utilizada por empresas em crise para renegociar parte de suas dívidas e evitar a falência, permitindo a suspensão temporária das cobranças e a reestruturação financeira.
A pandemia de Covid-19 e as medidas restritivas associadas a ela foram apontadas como um dos principais fatores para o aumento nos pedidos de recuperação judicial, de acordo com a professora de direito empresarial Catarina Ribeiro. O impacto econômico causado pela interrupção das atividades e esgotamento de fontes produtoras contribuíram para a potencial crise enfrentada por muitas empresas.
Apesar do aumento nos pedidos de recuperação judicial, algumas empresas conseguiram se destacar e crescer durante esse período. No entanto, a instabilidade econômica, a carga tributária elevada e o aumento das taxas de juros também foram citados como fatores que contribuíram para a crise enfrentada por várias empresas.
Alguns exemplos notáveis de pedidos de recuperação judicial incluem a 123Milhas, que buscou um acordo desde agosto e acumulou uma dívida de mais de R$ 2 bilhões, o Grupo Petrópolis, dono das cervejas Itaipava, Petra e Crystal, que teve seu plano de recuperação judicial aprovado pelos credores com uma dívida superior a R$ 4 bilhões, e a companhia aérea Gol, que teve seu pedido de recuperação judicial aceito nos Estados Unidos para reequilibrar suas finanças sem interromper suas operações.