A disparada de 189% no preço do cacau em 2024 já afeta a indústria de chocolates, que busca alternativas para minimizar o impacto no bolso do consumidor, especialmente com a proximidade da Páscoa.
Segundo Gustavo Bastos, vice-presidente jurídico e de assuntos públicos da Nestlé e presidente do conselho diretor da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), os aumentos de preços para os consumidores devem ficar na casa dos dois dígitos, mas sem reajustes extremos de 50% ou mais.
Uma das estratégias adotadas pela indústria é a aposta na tendência chocobakery, que mistura chocolate com biscoitos ou bombons bola, reduzindo a quantidade de cacau nos produtos. Isso permite que os consumidores continuem comprando chocolates sem um impacto tão elevado no preço final.
O aumento no preço do cacau é resultado de uma crise de oferta global, causada por problemas climáticos e sanitários nas principais regiões produtoras, como Costa do Marfim e Gana, que juntos representam mais de 60% da produção mundial. Como o Brasil é apenas o sétimo maior produtor global, a escassez no mercado internacional tem impacto direto no país.
A inflação dos alimentos industrializados foi de 8,94% em 2024, puxando a alta no setor, enquanto os alimentos in natura registraram deflação de 1,93%. O chocolate, especificamente, teve um aumento de 11,9% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA.